Clarice Lispector. A Hora da Estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p.13-4.
1 – 1 Conforme e possível perceber em diversos trechos do fragmento apresentado, a ironia e forte marca da escrita de Clarice Lispector.
2 – 2 Nos trechos “Esse quem será que existe?” (l.16) e “esse oco é o tudo que posso eu jamais ter” (l.22 e 23), Clarice Lispector valeu-se do mesmo processo de formação de palavras nas expressões “Esse quem” e “o tudo”.
3 – 3 Nos romances de Clarice Lispector, a linguagem, conforme evidenciado no fragmento acima, é predominantemente objetiva, uma vez que a autora deseja aproximar o jornalismo da literatura.
4 – 4 Uma das funções da linguagem empregada no texto é a função poética, uma vez que o narrador trata, entre as linhas 7 e 10, do próprio ofício de escrever.
5 – 5 Depreende-se do texto que o narrador escolhe contar a história da moça nordestina porque com ela ocorreram fatos extraordinários, totalmente incomuns na vida de pessoas como ela.
6 – 6 No trecho “Estou esquentando o corpo para iniciar, esfregando as mãos uma na outra para ter coragem” (l.17 e 18), a linguagem foi empregada em sentido conotativo.
2º) (UFSC 2014)
Com base no texto 8, na leitura do romance A hora da estrela, lançado em 1977, e no contexto de sua publicação, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. Macabéa, personagem central de A hora da estrela, mantém ao longo da vida uma crença cega na igreja, traço incutido pela tia beata que a obrigara a decorar e a repetir os padre-nossos e as ave-marias desde menina.
02. No romance A hora da estrela, a autora tentou ocultar-se por trás do pseudônimo de Rodrigo S. M., um narrador onisciente intruso que busca o tempo todo problematizar o processo de criação.
04. O vocábulo "mulherice" (linha 12) é um neologismo derivado do substantivo mulher. Diferentemente da condição física atribuída automaticamente às pessoas do sexo feminino, o narrador dá a entender que a "mulherice" seria constituída pela personagem ao longo do tempo, física e psicologicamente.
08. A datilógrafa Macabéa adorava goiabada com queijo, divertia-se recortando anúncios de jornais velhos, bebia o mesmo refrigerante que todos bebem, passeava aos finais de semana no cais e dividia seu quarto com outras cinco meninas, todas de nome Maria. Essa associação de Macabéa a banalidades, gostos, comportamentos e pessoas comuns ajuda a compor a imagem de uma mulher sem traços próprios, cópia sem viço de tantas outras sertanejas indigentes.
16. O romance de Clarice Lispector distancia-se, pelo tempo e pela temática, da geração de 1930; ainda carrega parte da crítica social característica daquele momento, mas a imagem da menina cuja herança do sertão é o raquitismo de retirante fica em segundo plano, ganhando maior relevo a problemática da modernização das cidades de Maceió e do Rio de Janeiro, locais onde Macabéa tenta ganhar a vida.
32. O título da obra revela forte ironia, tendo em vista que é algo que nunca se concretiza: a hora da estrela, quando finalmente Macabéa brilharia tal qual suas artistas de cinema preferidas, não ocorre, devido ao acidente fatal sofrido pela protagonista.
3º) (ENEM 2013)
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
[...]
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes.
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).
A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador
A) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens.
B) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que
a compõem.
C) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.
D) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas.
E) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.
4º) (ITA 2015) O título do livro A hora da estrela, de Clarice Lispector, diz respeito ao seguinte momento do romance:
A ( ) O despertar amoroso de Macabéa no namoro com Olímpico.
B ( ) A descoberta de Macabéa de que Olímpico a traía com Glória.
C ( ) A obtenção por Macabéa de um bom emprego como datilógrafa.
D ( ) A previsão do grande futuro de Macabéa, feita pela cartomante.
E ( ) A morte de Macabéa, atropelada por um carro de luxo.
5º) (UFU 2016) Na obra Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, há contos em que crianças são protagonistas, ora diante de situações densas, ora leves, com suas alegrias e tristezas na relação com o outro. Nessa tessitura, o fio condutor do conto
A) Miopia progressiva indica a manipulação das coisas e das pessoas por parte do protagonista para garantir a sua entrada no mundo adulto.
B) Restos de Carnaval destaca o desejo da personagem menina de divertir-se como centro das atenções na festa de momo.
C) Tentação evidencia a importância do olhar entre os protagonistas para representar a comunicação entre eles.
D) Come, meu filho prioriza o discurso autoritário da mãe para contrapor-se ao fluxo de consciência do filho.
6º) (UFU 2016) Com o intuito de compreender as razões do comportamento humano, a narradora do conto Felicidade clandestina, de livro homônimo de Clarice Lispector, atém-se a um fato de sua infância, em que uma menina, filha do dono de uma livraria, percebendo o gosto da narradora pelos livros e pela leitura, promete lhe emprestar o livro As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Entretanto, numa atitude de crueldade, sempre adia o empréstimo. Para a narradora personagem, o comportamento da menina advém
A) da vingança fracassada, que se originou da desagregação familiar da menina e do rompimento com o namorado.
B) da inveja, que a corroía em função da contraposição de sua feiura à beleza das outras meninas.
C) do transtorno de conduta, que depois levou a menina à demonstração de sentimento de remorso.
D) do distúrbio de dupla personalidade, que instaurava na menina a dúvida quanto ao empréstimo do livro.
7º) (UFU 2016)
Havia em Recife inúmeras ruas, as ruas dos ricos, ladeadas por palacetes que ficavam no centro de grandes jardins. Eu e uma amiguinha brincávamos muito de decidir a quem pertenciam os palacetes. “Aquele branco é meu. ” “Não, eu já disse que os brancos são meus. ” “Mas esse não é totalmente branco, tem janelas verdes. ” Parávamos às vezes longo tempo, a cara imprensada nas grades, olhando.
[...] Numa das brincadeiras de “essa casa é minha”, paramos diante de uma que parecia um pequeno castelo. No fundo via-se o imenso pomar. E, à frente, em canteiros bem ajardinados, estavam plantadas as flores.
LISPECTOR, Clarice. Cem anos de perdão. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
p. 60.
A narrativa de ficção joga com sentidos duplos e figurados e explora as variadas possibilidades da linguagem. Na obra de Clarice Lispector, para atingir uma maior expressividade na construção do texto, destaca-se ainda a epifania. Considerando-se o conceito de epifania na obra dessa autora, pode-se ler o conto Cem anos de perdão como
A) antítese do prazer da criança que desvela, por meio do ato de roubar, as possibilidades da transgressão das rígidas normas impostas pela sociedade, mas que sofre de forma antecipada devido à possibilidade da punição.
B) metáfora da passagem da infância para a adolescência, uma vez que a descoberta dos grandes jardins com suas rosas e pitangas acena, figurativamente, para a descoberta do erotismo e da sexualidade.
C) alegoria da dor da criança pobre que, ao andar pelas ruas ricas do espaço urbano, percebe a desigualdade social de Recife, o que autoriza e legitima o ato de roubar.
D) metonímia do mal que se manifesta, de forma inofensiva, nas crianças, por meio do roubo de rosas e de pitangas, mas que na vida adulta se manifestará em atos e atitudes que prejudicarão a sociedade.
8º) (UPE 2014) Os contos Amor e Feliz aniversário, pertencentes à coletânea Laços de Família, são textos que apresentam características marcantes da obra de Clarice Lispector.
Em relação a eles, analise as afirmativas a seguir:
Estão CORRETAS
a) II, III, IV e V.
b) I e II.
c) I, III e V.
d) IV e V.
e) I, II, III e V.
(IFS 2014.2) Leia o fragmento abaixo de A Hora da Estrela e depois responda às questões 09 e 10:
Macabéa, que nunca se irritava com ninguém, arrepiava-se com o hábito que Glória tinha de deixar a frase inacabada. Glória usava uma forte água-de-colônia de sândalo e Macabéa, que tinha estômago delicado, quase vomitava ao sentir o cheiro. Nada dizia porque Glória era agora a sua conexão com o mundo. Este mundo fora composto pela tia, Glória, o Seu Raimundo e Olímpico — e de muito longe as moças com as quais repartia o quarto. Em compensação se conectava com o retrato de Greta Garbo quando moça. Para minha surpresa, pois eu não imaginava Macabéa capaz de sentir o que diz um rosto como esse. Greta Garbo, pensava ela sem se explicar, essa mulher deve ser a mulher mais importante do mundo. Mas o que ela queria mesmo ser não era a altiva Greta Garbo cuja trágica sensualidade estava em pedestal solitário. O que ela queria, como eu já disse era parecer com Marylin. Um dia, em raro momento de confissão, disse a Glória quem ela gostaria de ser. E Glória caiu na gargalhada: – Logo ela, Maca? Vê se te manca!
9º) Observando os termos acima em destaque, conclui-se que a coesão realiza-se através de:
a) Epíteto
b) Hiperônimo
c) Elipse
d) Hipônimo
e) Pronome pessoal
10º) Considere a leitura realizada do romance A Hora da Estrela, da escritora Clarice Lispector; recorde a história, seus personagens e suas personalidades e observe novamente o fragmento acima. Diante da confissão do desejo de Macabéa, Glória reage:
a) Afetuosamente, porque não quer que a amiga sinta-se triste devido à impossibilidade de realizar seu desejo;
b) Calmamente, para melhor consolar a amiga que sofre com as circunstâncias de sua própria vida;
c) Furtivamente, para evitar o assunto;
d) Furiosamente, para que Macabéa perceba de imediato a inviabilidade do que deseja;
e) Sarcasticamente, porque ninguém acredita que Macabéa seja capaz de transpor qualquer um dos seus limites.
- F - V - F - F - F - V
- 02 + 04 + 08 = 14
- C
- E
- C
- B
- B
- A
- C
- E
Nenhum comentário:
Postar um comentário