Gregório de Matos

1º) (UPE 2016) Gregório de Matos, poeta baiano, que viveu no século XVI, produziu uma poesia em que satiriza a sociedade de seu tempo. Execrado no passado por seus conterrâneos, hoje é reconhecido como grande poeta, sendo, inclusive, sua poesia satírica fonte de pesquisa histórica.

          Leia os poemas e analise as proposições a seguir:

I. Além de poeta satírico, o Boca do Inferno também cultivou a poesia lírica, composta por temas diversificados, pois nos legou uma lírica amorosa, erótica e religiosa e até de reflexão sobre o sofrimento, a exemplo do poema II. 
II. Considerado tanto poeta cultista quanto conceptista, o autor baiano revela criatividade e capacidade de improvisar, segundo comprovam os versos do poema I, em que realiza a
crítica à situação econômica da Bahia, dirigida, na época, por Antônio Luís da Câmara Coutinho. 
III. Em Triste Bahia, poema I, musicado por Caetano Veloso, Gregório de Matos identifica-se com a cidade, ao relacionar a situação de decadência em que se encontram tanto ele quanto a cidade onde vive. O poema abandona o tom de zombaria, atenuando a sátira contundente para tornar-se um quase lamento. 
IV. Os dois poemas são sonetos, forma fixa herdada do Classicismo, muito pouco utilizada pelo poeta baiano, que desprezou a métrica rígida e criou poesia em versos brancos e livres. 
V. Como poeta barroco, fez uso consciente dos recursos estéticos reveladores do conflito do homem da época, como se faz presente na antítese que encerra o II poema: “Horas de
inferno, instantes de alegria”.

Estão CORRETAS apenas

a) I, II, III e V.
b) I, II e IV.
c) IV e V.
d) I, III e IV.
e) I, IV e V.



(IFPI 2015) 

        Moraliza o poeta nos ocidentes do sol as
              inconstâncias dos bens do mundo

“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Lua se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.”

(Gregório de Matos)

2º) “Considerando a poesia acima, assinale a alternativa que não NÃO se refere à estética barroca:

a) Temática acerca da instabilidade e efemeridade das coisas.
b) Presença de antíteses.
c) Culto da natureza.
d) Intensidade na expressão dos sentimentos.
e) Expressão de indagações conflitos humanos.


(UFLA 2015) Leia, a seguir, o poema para responder às questões 3 e 4.


PONDERA AGORA COM MAIS ATENÇÃO A FORMOSURA DE D. ÂNGELA

Não vira em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura:

Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma mulher que em Anjo se mentia; 
De um Sol, que se trajava em criatura:

Matem-me, disse eu vendo abrasar-me,
Se esta a coisa não é, que encarecer-me 
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me:

Olhos meus, disse então por defender-me, 
Se a beleza heis de ver para matar-me, 
Antes olhos cegueis, do que eu perder-me.

MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.


3º) A produção poética Barroca nos apresenta conflitos típicos do homem seiscentista. No poema de Gregório de Matos, esse conflito se traduz em:

(A) o prestígio do corpo e do espírito.
(B) o desejo do corpo e o pecado da alma.
(C) a verdade do ser e a verdade do mundo.
(D) a oposição entre criaturas divinas e terrenas.

4º) D. Ângela é identificada inicialmente como um "Anjo". Mas esse anjo, segundo o poema, não cumpre seu tradicional papel protetor porque:

(A) sua alma não é celestial.
(B) é uma pessoa mentirosa.
(C) seu corpo não condiz com seu espírito.
(D) conduz o eu lírico à perdição espiritual.


5º) (UEM 2015) Assinale o que for correto sobre o poema abaixo e sobre seu autor, Gregório de Matos.

Soneto

Via de perfeição é a sacra via,
Via do Céu, caminho da verdade:
Mas ir ao Céu com tal publicidade,
Mais que à virtude, o boto à hipocrisia*.

O ódio é d’alma infame companhia,
A paz deixou-a Deus à cristandade:
Mas arrastar por força, uma vontade,
Em vez de perfeição é tirania.

O dar pregões do púlpito é indecência,
Que de fulano? venha aqui sicrano:
Porque o pecado, o pecador se veja:

É próprio de um Porteiro d’audiência,
E se nisto maldigo, ou mal me engano,
Eu me submeto à Santa Madre Igreja.

(MATOS, Gregório. Antologia. Porto Alegre: L&PM, 2009. p. 78-9)

Glossário:
* “boto à hipocrisia” = atribuo à hipocrisia

01) O soneto apresenta uma das características da produção de Gregório de Matos: sua veia satírica. Em consonância com tal aspecto, a crítica de cunho moral torna-se evidente no texto, como se percebe em termos como “hipocrisia” e “indecência”.
02) O domínio técnico de Gregório de Matos em relação aos recursos expressivos do poema encontra um exemplo pertinente no texto reproduzido, percebido, dentre outros fatores, em sua métrica regular decassilábica, ou seja, em seus versos de dez sílabas poéticas.
04) Embora seja um exemplo da produção satírica de Gregório de Matos, o texto apresenta, no quarteto que se configura como última estrofe do poema, um momento de sua produção sacra, com a referência explicita à “Santa Madre Igreja”.
08) A verve crítica de Gregório de Matos atingia todos os setores da sociedade de seu tempo, com uma única exceção: os representantes da Igreja, que surgem na obra do poeta como única fonte constante e segura de redenção espiritual e de modificação social.
16) As constantes referências laudatórias à Igreja feitas por Gregório de Matos contrastam com uma de suas características mais marcantes: um forte ceticismo que, beirando o ateísmo, aproxima-se das ideias da Contrarreforma católica que tem início no século XVII.
6º) (IFPI 2015) Julgue as afirmações sobre a obra de Gregório de Matos:

I. Afora a poesia de pura provocação, que descamba para a agressão explícita ou, então, para a apelação erótica, é possível encontrar nas obras de Gregório de Matos a sátira que pretende denunciar, e, através da denúncia, moralizar.
II. O poder corrupto não escapou à mira do Poeta: critica, de forma impiedosa, a incompetência, a promiscuidade e a desonestidade, sem perder a noção do jogo com a palavra, característica do Barroco.
III. No conjunto da obra de Gregório de Matos, a poesia lírica é idealista, às vezes emocional, às vezes conceitual, mas quase sempre preocupada com o desvendamento.

A alternativa correta é:

a) I, II e III estão corretas.
b) I e II estão corretas.
c) II e III estão corretas.
d) Apenas a I está correta.
e) Apenas a II está correta.

(UPE 2014) Texto 5 (questão 7)



7º) Considerando o texto 5, tanto no âmbito da estrutura da linguagem quanto no âmbito da temática, analise as afirmativas a seguir:



Estão CORRETAS

a) I, II e III. 
b) I, II e IV. 
c) II, III e IV. 
d) II, III e V. 
e) III, IV e V.





GABARITO
  1. A
  2. C
  3. B
  4. D
  5. 01+02 = 03
  6. A
  7. D

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